A partir de agosto de 1821, começaram a desembarcar em Lisboa os representante das províncias brasileiras. Pouco a pouco, as divergências foram se manifestando até intensificarem-se com a chegada da ruidosa bancada Paulista, que logo se articulou a outros deputados mais exaltados, como os baianos Agostinho Gones, Cipriano Barata e Lino Coutinho. Os paulistas, além da monarquia dual, defendiam a igualdade a igualdade do número de deputados brasileiros e portugueses mas Cortes (dos cerca de 200 parlamentares, 130 eram Metrópole) e um governo executivo para o Reino do Brasil com autonomia em relação a Lisboa. Na verdade, eles pretendiam um federação de dois reinos independentes, Brasil e Portugal, com a supremacia político-econômica para o primeiro. A possibilidade de manter a ex-colônia unida a Portugal tornava-se cada vez mais difícil. Separação e independência eram palavras pronunciada com mais frequência nos debates parlamentares. Parte dos deputados brasileiros recusou-se a assinar e a jurar a Constituição elaborada em Portugal. Nos meses de setembro e outubro de 1822, começou a debandada desses, que deixavam Portugal e regressavam ao Brasil. A ruptura já fora realizada. Enquanto os debates se arrastavam em Lisboa, uma composição política surpreendente selou o destino do Império colonial português e determinou a emancipação política da elite do Brasil. Com o objetivo de garantir a manutenção da ordem escravista e propiciar a hegemonia política da elite do Centro-Sul, grandes proprietários de terras e traficantes de escravos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais articularam-se em torno de D.Pedro e da burocracia portuguesa. Para o príncipe regente, a independência do Brasil seria o último recurso para derrotar as movimentações liberais em curso em Portugal. Reformas eram preferíveis a revolução porque poderiam ser estabelecidas pelos grupos dominante sem a incômoda e questionadora participação popular, como ensinaram a Revolta dos Alfaiates e a Insurreição Pernambucana. Assim, a articulação que culminou na independência revelou-se um pacto político com tempero tropical: um príncipe absolutista e uma elite escravista é liberal.