O Novo Mundo Burguês

A partir de 1848, uma nova era de expansão capitalista entrou em vigor. Mesmo com oscilações políticas,  a sociedade europeia , desse período até a Primeira Guerra Mundial, assistiu ao triunfo dos valores burgueses. Uma minoria de países tornou-se potência  industrial e lançou  as bases de uma economia mundial sob sua influência.  Internamente,  essa expansão econômica garantiu uma alta taxa de emprego (amenizando , por certo tempo, o descontentamento  popular  e diminuindo  os movimentos  revolucionários)  e uma situação  mais próspera às  classes médias.  Apesar de a maioria da população  europeia da época  se concentrar no campo, era no mundo urbano, em crescimento constante, que irradiava novos valores  sociais e formas de viver. A razão  , a ciência,  o progresso e a ética  do trabalho tornaram-se bases sólidas  dos discursos políticos  e as máximas  expressões  de uma burguesia orgulhosa de seus sucessos. Mesmo a  Grande depressão  que assolou as economias industriais a partir de 1875 não  abalou a crença no progresso e o otimismo da sociedade liberal do século XIX. Esse foi um período  de confiança no liberalismo econômico  e político.  À maior igualdade de direitos e oportunidades e ao governo representativo somavam-se a busca do lucro e a defesa da livre iniciativa competitiva e de sua metáfora da guerra: a luta pela existência e sobrevivência dos melhores. Com a expansão  das sociedades industriais , os valores liberais tenderam a exercer pressão pela extinção de outras formas de organização  social e econômica.  Em meados do século XIX, as guildas e corporações  foram abolidas na Alemanha, Áustria,  Suécia,  Dinamarca e Rússia.  Isso também  aconteceu, em várias partes do Globo, com a servidão  e a escravidão.  Aos poucos , os entraves ao desenvolvimento capitalista foram eliminados.  As leis contra  a usura foram extintas na Inglaterra, na Bélgica  e no norte da Alemanha. A liberdade de comércio  se impôs,  estabelecendo a diminuição ou, até  mesmo, a abolição  de tarifas alfandegárias na década  de 1860. Tendia-se , ainda que não completamente,  a uma padronização internacional dos pesos e medidas. A grande demanda gerada pelo crescimento das áreas  urbanas alterava a agricultura, subordinada à  economia industrial,  agora, em escala mundial. Grandes regiões  especializavam-se na monocultura de algum produto agrícola para abastecer o mercado europeu. Como ponto mais visível,  o desenvolvimento  técnico  e científico  tornava-se a expressão simbólica e material de toda essa força econômica europeia. Aparentemente,  a Revolução Industrial estabeleceu uma capacidade de produção ilimitada. A máquina e a produção  em massa proporcionavam a vulgarização dos produtos industriais , tornando-os acessíveis a um conjunto industriais , tornando-os acessíveis  a um conjunto maior da população.  As novidades  técnicas despertavam grande interesse e admiração.  Às  locomotivas e navios a vapor juntavam-se a fotografia, o telefone,  a bicicleta e , no final do século,  os automóveis,  o gramofone e a lâmpada elétrica.  Inaugurando a era da propaganda industrial e , ao mesmo, celebrando os progressos técnico e científico,  a partir de 1851, grandes exposições universais de novidades industriais passaram a acontecer em diversas cidades , como Londres , Viena, Paris e Filadélfia.  Enfim, aos olhos de boa parte da sociedade, o progresso não  era uma evidência apenas pela sua produção  técnica.  A maior produtividade no campo trouxe a melhoria da nutrição e as pesquisas científicas  propiciaram avanços  também  no campo da saúde.  Com elas, vieram o declínio da mortalidade infantil e o aumento da expectativa de vida para muito europeus. No final do século, os progressos técnicos  e uma relativa paz e estabilidade social marcaram uma época que ficou conhecida como Belle Époque,  em que o otimismo e o luxo refletiam uma burguesia confiante em si mesma e no seu futuro.