O Plano Real


A montagem do governo Itamar franco foi produto de uma série de acordos políticos entre os partidos que estiveram à frente da destituição de Collor. Mais uma vez , o PT optou pela via oposicionista , seguido pelo PSB e partidos comunistas. No entanto, uma de suas principais estrelas, a ex-prefeita de São Paulo, Luíza Erundina, aceitou participar como ministra do governo Itamar. Para solucionar , Erundina licenciou-se do PT. Outros partidos preferiram soluções diferentes . O PFL , o PMDB, o PSDB e o Partido Reformador (PPR) compuseram com Itamar um amplo governo de coalizão. Até mesmo o PDT tinha um representante no governo, o senador Maurício Correia. Em junho de 1994 , o então ministro da Fazendo, Fernando Henrique Cardoso , anunciava à nação mais um plano econômico, denominado Plano Real. A moeda brasileira foi equiparada ao dólar e teve seu nome alterado para real. Foi anunciado um amplo programa de estabilização da economia , que previa a elevação da taxa de juros e a redução do déficit público com uma política de privatizações de empresas estatais. O sucesso do Plano Real embalou a campanha presidencial de 1994. Fernando Henrique Cardoso lançou-se candidato numa aliança política entre o PSDB e o PFL. Para vice de sua chapa, foi escolhido o senador Marco Maciel. A vitória no primeiro  turno não deixou dúvidas sobre a aceitação do Plano Real . Mais uma vez os candidatos das esquerdas, Lula, pelo PT, e Brizola, pelo PDT, não obtiveram êxito. Em janeiro de 1995, Fernando Henrique subiu a rampa do Palácio do Planalto como presidente da República.
Foi acompanhado por diversos representantes do PFL , que já haviam feito o mesmo percurso nos governos Sarney, Collor e Itamar. Aliás , considerando-se que o PFL constituiu-se de uma dissidência do PDS, que Ra a continuação da Arena , que foi formada principalmente pela UDN, percebe-se que os efeitos do golpe de 1964 ainda hoje estão presentes na política nacional. Os herdeiros de Carlos Lacerda conseguiram manter-se no poder. Os primeiros anos do governos FHC foram marcados por estabilidade monetária e queda da inflação. Apesar do ritmo recessivo da economia, controlada e limitada por uma excessiva alta dos juros, houve crescimento de renda per capita e, principalmente , pela primeira vez em várias décadas, uma redistribuição da renda nacional. Num país marcado pela mais perversa desigualdade do planeta – oitava economia do mundo e um dos últimos em distribuição de renda - , a participação dos ganhos nacionais dos 50% mais pobres aumentou 1,2% enquanto os 20% mais ricos perderam 2,3%. Insuficiente para resolver os desequilíbrios sociais brasileiros , a estabilidade do Plano Real conseguiu atordoar a oposição.
Dividido em grupos radicais e moderados , que estabeleciam uma duríssima disputa pelo controle do partido , o PT oscilou entre denunciar os efeitos recessivos do programa econômico para ao país. O PDT reduziu seu espaço de intervenção na mesma medida da perda da popularidade de Leonel Brizola, abalada pelas surpreendentes alianças que este promoveu: apoiou Lula no segundo turno em 1989, apoiou Collor na época do Impeachment, aproximou=se do PT a partir de 1995 e promoveu a entrada no PDT de diversos políticos que participaram da Arena e do PDS , como Jaime Lerner e Francisco Rossi. O primeiro governo FHC estabeleceu como meta uma ampla série de reformas , com o objetivo de diminuir a participação do Estado na economia e, conseqüentemente, reduzir o déficit público. Uma avassaladora onda de privatizações transferiu para o setor privado diversas empresas de setores considerados estratégicos á época do regime populista e da ditadura militar : telecomunicações , eletricidade e siderurgia. Nessa mesma perspectiva neoliberal , o Brasil deu passos decisivos para a integração com os países do Mercosul e a abertura de sua economia a empresas europeias , asiáticas e norte-americanas.